Eixo-intestino cérebro: entenda por que o intestino é considerado nosso segundo cérebro

Eixo intestino-cérebro é a nomenclatura usada para descrever a comunicação de mão dupla que acontece entre o intestino e o cérebro, ligando o sistema nervoso entérico (localizado no trato gastrointestinal²) ao sistema nervoso central. Isso significa que os dois conseguem trocar “mensagens” entre si¹. 

Sabe aquela sensação de frio na barriga que aparece quando estamos animados para um primeiro encontro ou qualquer outro evento empolgante? Esse é um bom exemplo que comprova a veracidade do eixo intestino-cérebro na prática^2,3.

A ligação entre esses dois gigantes vai muito além. São conexões endócrinas, humorais, metabólicas e imunológicas¹ em uma comunicação constante³. Como ressalta artigo da Harvard Medical School, essa conversa "afeta como percebemos os sintomas gastrointestinais e impacta nossa qualidade de vida"³. 

Veja outros exemplos: água na boca que sentimos ao ver uma comida saborosa. Enquanto isso acontece, nosso organismo já se prepara para receber a comida. Por outro lado, o estresse e a ansiedade podem impactar diretamente o trânsito intestinal, soltando ou prendendo o intestin³. Alô, quem já teve diarreia por estresse. 

Nossa página no Instagram já abordou esse tema também:

O intestino, que muitos acreditam ser apenas um longo tubo para a comida passar, aloja mais células nervosas do que qualquer outro lugar do corpo fora do cérebro². 

Os mais de 500 milhões de neurônios presentes nesse ambiente formam o sistema nervoso entérico, que trabalha para controlar as funções digestivas — entre outras tarefas — sem precisar da ajuda do todo poderoso lá de cima, o cérebro². E o sistema nervoso entérico que regula nosso trato gastrointestinal é frequentemente chamado de "segundo cérebro"³.  

Pense nele como um circuito autônomo, que atua de forma independente para coletar informações sobre as condições do trato gastrointestinal, processar as informações localmente e gerar uma resposta sem precisar enviá-la de volta ao cérebro. Esse é o sistema nervoso entérico².

Os cientistas têm se debruçado em estudar diversas doenças que endossam, mais uma vez, a afinidade entre o intestino e o cérebro. É o caso da síndrome do intestino irritável, em que o desequilíbrio da microbiota resulta no aumento da permeabilidade intestinal, no estímulo à dor intestinal e na desregulação do sistema nervoso entérico¹.

Na síndrome do intestino irritável, o eixo intestino-cérebro é perturbado, o que afeta a motilidade e a secreção intestinal, contribui para a percepção elevada de dores e leva a alterações nas células dos sistemas neuroendócrino e imunológico¹.

Já os transtornos de humor, como ansiedade e depressão (que muita gente resume de forma equivocada como desfalques no cérebro), têm ligações bem estabelecidas com problemas gastrointestinais¹. Curioso, não é mesmo?

Veja outras questões de saúde que podem estar associadas a desarmonias no eixo intestino-cérebro:

• diarreia²; 
• constipação²; 
• estresse crônico²; 
• cólica infantil²; 
• dores crônicas²; 
• obesidade²; 
• intolerâncias alimentares²; 
• fadiga crônica².

Cuidar muito bem da alimentação e da saúde mental é uma ajuda e tanto para manter tudo funcionando da melhor maneira. Quando for montar o prato, por exemplo, lembre-se de alimentos recheados de fibras solúveis e insolúveis, fontes de probióticos e prebióticos, antioxidantes e itens ricos em substâncias anti-inflamatórias².

Quanto maior a diversidade nas refeições, maior será a diversidade da microbiota intestinal. Mas para ter uma comunidade de microrganismos bem variada, é bom maneirar no consumo de alimentos processados, cheios de ingredientes que só prejudicam a saúde². 

Para cuidar da mente e garantir um eixo intestino-cérebro equilibrado, atenção ao estresse no dia a dia e, se sentir que as coisas escaparam do controle, procure ajuda profissional². 

Pessoas que apresentam certos problemas gastrointestinais sem causa física aparente podem se beneficiar com técnicas que trabalham o corpo e a mente. Terapias de relaxamento muscular, terapia cognitivo-comportamental e biofeedback são alternativas que podem ser agregadas aos tratamentos convencionais de enfermidades associadas a desordens no segundo cérebro, que acabam refletindo no cérebro “oficial”². 

Por último, mas não menos importante, busque orientação médica caso note que algo não vai bem na sua saúde, seja a intestinal ou emocional. Aliás, nem dá para falarmos delas de forma separada, já que estão entrelaçadas até o último centímetro do nervo vago, né?²

Trocadilhos à parte, nós apostamos que, depois de acompanhar este conteúdo, você vai querer saber muito mais sobre como o intestino está ligado a outros aspectos da sua vida.

Se estivermos certos dessa hipótese, aqui estão algumas sugestões de leitura para fazer agora mesmo ou um pouco mais tarde, depois que você processar tudo o que leu até aqui:

• Intestino e imunidade estão conectados! Entenda como
• O que os problemas de pele têm a ver com a saúde do intestino?
• Intestino solto e menstruação: entenda por que o cocô amolece “naqueles” dias