Afinal, qual a diferença entre diarreia e fezes moles? Tem a ver com a quantidade de vezes que você vai ao banheiro. Saiba mais!

Qual é a diferença entre diarreia e fezes moles? Veja causas e como tratar lidar com cada quadro

  • Sistema Digestivo

Você sabe dizer qual a diferença entre diarreia e fezes moles? Será que toda vez que o cocô perde a consistência já temos um quadro de diarreia? Vamos responder essas e outras dúvidas neste artigo.

Diarreia e fezes moles: qual a diferença?

Há quem pense que a diferença entre diarreia e fezes moles está na consistência do cocô1. Mas para saber se está mesmo com diarreia é importante levar em conta a quantidade de vezes que a pessoa vai ao banheiro e faz cocô mole ou líquido2

Para entender sobre os tipos de cocô e analisar o aspecto das fezes, uma ferramenta bastante conhecida é a Escala Bristol, também conhecida como Escala de Meyers. Ela é uma escala visual que vai de 1 a 7 e serve para classificar as fezes, desde muito duras, passando pelo cocô mole, até chegar às fezes líquidas1.



As fezes são divididas da seguinte maneira na escala Bristol:

  • tipo 1 - fezes duras, separadas em pequenos pedaços. Quando as fezes estão assim, geralmente há um quadro de constipação1
  • tipo 2 - fezes em formato de salsicha, mas ainda duras. Também há a formação de grumos1
  • tipo 3 - fezes ainda em formato de salsicha, porém com rachaduras na superfície1
  • tipo 4 - aqui as fezes são mais macias. O formato de salsicha permanece, mas a evacuação é mais fácil1
  • tipo 5 - fezes menores, com bordas bem definidas. Ainda segue como um cocô macio e fácil de passar pelo intestino1
  • tipo 6 - fezes amolecidas. Ainda há pedaços, mas eles apresentam bordas irregulares1
  • tipo 7 - fezes líquidas. Não há mais pedaço algum1.

Na interpretação da escala, os tipos de cocôs representados pelos números 1 e 2 são mais característicos de constipação. Os do tipo 3 e 4 são os ideais, aqueles que passam com facilidade sem serem muito aquosos1

Entre o número 5 e o número 6 temos o que é popularmente chamado de cocô mole. E muita gente fala que está com diarreia quando chega no 7, que são as fezes líquidas1.  

Mas vale ressaltar que tanto o cocô mole quanto as fezes líquidas podem ou não fazer parte de um quadro de diarreia1. E aí mora a diferença entre fezes moles e diarreia.  

A definição de diarreia envolve a frequência de evacuações. Temos uma diarreia quando há um aumento do número de evacuações, com fezes amolecidas ou líquidas2

Certo, mas quantas idas ao banheiro com fezes moles ou líquidas significa diarreia? Três ou mais vezes em um período de 24 horas3.  

Fazer cocô mole pode ser algo pontual, um episódio ou outro, sem muitas complicações. Já a diarreia liga um sinal de alerta. Vamos falar mais sobre a diferença entre fezes moles e diarreia e o que fazer diante de cada situação.

O que causa diarreia?

A maioria das diarreias é causada por vírus, bactérias ou parasitas. Eles entram no organismo pela boca, ao ingerir um alimento contaminado, consumir água sem o tratamento adequado ou ao levar a mão contaminada à boca2. Entretanto, nem sempre é possível determinar o que causou a diarreia, qual foi o agente que desencadeou o quadro3

A diarreia é dividida em três categorias: 

  • diarreia aguda aquosa: pode durar até 14 dias. Geralmente as causas, aqui, são contaminações por vírus ou bactérias. Já existe o risco de desidratação, devido à grande perda de líquido ao longo do período com diarreia, e de desnutrição, se não houver os devidos cuidados com a alimentação, pensando em repor os nutrientes perdidos3;  
  • diarreia aguda com sangue: é a disenteria. Representa lesão na mucosa intestinal e as bactérias do gênero Shigella são as principais causadoras do quadro. Também pode ocorrer desidratação e outras complicações3;  
  • diarreia persistente: é aquela que ultrapassa os 14 dias. Mais uma vez, há risco de desidratação, desnutrição e complicações, incluindo uma maior chance de letalidade3.

Em linhas gerais, a diarreia é autolimitada, ou seja, o organismo se resolve sozinho. Nos casos agudos, por exemplo, muitas vezes o quadro é resolvido em 7 dias3.  

O que fazer em casos de diarreia?

Se não há sinais de desidratação, o tratamento pode ser caseiro. É indicado aumentar a oferta de líquidos (uma sugestão é ingerir de 50 a 100 ml de líquido após cada evacuação mole ou líquida2). Água, água de coco e até uma sopa de frango com hortaliças entram nessa conta de líquidos3. Vale também apostar no soro caseiro2,3.  

É importante se atentar à alimentação, mantendo a dieta habitual e com itens saudáveis. Se for um bebê com diarreia ou mesmo fezes moles, a orientação da Sociedade Brasileira de Pediatria é manter o aleitamento materno2,3

Durante esse tratamento caseiro para a diarreia, é fundamental ficar atento ao paciente. Se acontecer uma piora na diarreia (maior frequência de evacuações), vômitos repetidos, muita sede, falta de apetite, pouco xixi ou sangue nas fezes, procure assistência médica3.  

Lembra dos sinais de desidratação que citamos no começo deste trecho? Pois bem, de notar alguma dessas mudanças, mais uma vez, é hora de ir ao médico:

  • olhos fundos2
  • ausência de lágrimas quando a criança chora2
  • boca e língua secas2
  • afundamento da moleira (em bebês)2

Diminuição no xixi e muita sede também estão entre os sinais de desidratação2

Diante de tudo isso pode ser necessário uma reidratação oral na unidade de saúde ou mesmo a administração de soro na veia, também no hospital. O médico vai avaliar o caso e determinar a melhor conduta3.

O que causa fezes moles?

Já vimos que a diferença entre fezes moles e diarreia está, principalmente, na frequência. Portanto, pensando que o cocô mole pode, com aumento da frequência, ser "enquadrado" como diarreia, as causas aqui também podem ser infecções e problemas gastrointestinais.

Por outro lado, pode ser sinal de que algo não caiu bem. Conforme envelhecemos, nosso sistema digestivo fica mais sensível a certos temperos, ingredientes e tipos de preparações. O que antes não fazia mal agora pode causar um amolecimento das fezes4.  

Já passou por aquele momento de comer muito doce e ficar com o cocô mole? Então, os açúcares estimulam o intestino a liberar água e eletrólitos, e isso afrouxa os movimentos intestinais. Resultado? As fezes ficam mais moles4.  

O mesmo pode acontecer se exagerar nos alimentos fritos e gordurosos. Eles nem sempre são digeridos facilmente, e a má absorção da gordura pode ser um gatilho para as fezes moles4

Já teve que correr para o banheiro com cocô mole depois de tomar café? Sim, isso acontece! A cafeína acelera o sistema digestivo4

O que fazer quando as fezes ficam moles?

Se for algo esporádico, uma dica é se atentar à alimentação e ver o que pode ser gatilho para os episódios de fezes moles. Assim não será tão difícil ajustar o cardápio e cuidar da saúde intestinal4.  

Vale ainda ingerir líquidos e ficar atento à evolução do quadro. Se virar uma diarreia líquida, persistente e notar sinais de desidratação3 (como já mencionamos por aqui) o melhor é buscar ajuda médica.

O que comer em casos de fezes moles e diarreia?

Ao falarmos de alimentação, não há tanta diferença entre diarreia e fezes moles. Em ambos os casos é interessante investir em uma dieta balanceada e até pensar em alimentos que ajudam a controlar ou mesmo evitar a diarreia5.  

Que tal apostar em:

  • frutas, como banana prata ou banana maçã, caju, maçã sem casca, pêra sem casca, limão, goiaba sem casca e sem sementes, pêssego sem casca, melão, maracujá ou melancia5;   
  • sucos das frutas mencionadas anteriormente, como suco de goiaba, caju ou limonada. É melhor, nesse caso, dar preferência aos sucos coados5;   
  • legumes cozidos como batata, beterraba, cenoura, chuchu, aipim, inhame, cará, abobrinha sem casca5;   
  • cereais e farinhas derivadas, tal qual arroz, macarrão, fécula de batata, farinha de arroz, creme de arroz, maisena, pão francês, farinha de tapioca (goma) e bolacha água e sal5;  
  • ovo cozido5;   
  • carnes magras, como frango sem pele, peixe sem couro ou carne vermelha sem gordura. Eles podem ser cozidos, grelhados ou assados5;  
  • leite e derivados desnatados ou semi-desnatados, pois eles contêm menos gordura5.

Por outro lado, cuidado com os alimentos que podem soltar o intestino. São considerados laxativos vegetais folhosos, ameixa, mamão, laranja, farinhas e farelos integrais, alimentos açucarados, apenas para citar alguns exemplos5.   

Atenção também ao consumo de fibra na diarreia. Por exemplo, as fibras insolúveis (presentes em alimentos como farinha de trigo integral, farelo de trigo, nozes, feijões e vegetais) ajudam a promover o movimento do bolo fecal através do sistema digestivo e aumentar o volume das fezes. Isso pode fazer com que as fezes sejam eliminadas com mais facilidade6. Porém, para quem já está com cocô mole e diarreia isso pode ser uma péssima ideia.  

Para saber mais sobre alimentação, entenda o que são (e quais são) os alimentos reguladores e também veja os benefícios dos alimentos ricos em fibra.  

Além de entender a diferença entre fezes moles e diarreia, rever a alimentação e o que mais citamos aqui, é importante lembrar de manter bons hábitos para evitar a contaminação por microrganismos e os problemas intestinais causados por eles. Sempre lave as mãos, lave bem os alimentos e a bancada onde irá manuseá-los5. São pequenos atos que fazem toda a diferença!